sábado, 29 de agosto de 2009

Dos esforços incansáveis

Você tá na ponta dos pés

O peso do corpo todo apoiado em dedos frágeis e calos

Mas tudo o que eles vêem é o par de sapatilhas e a leveza da bailarina esguia que faz todos os movimentos parecerem naturais



"Eu sou uma bailarina e cheguei aqui sozinha
não pergunte como eu vim
porque já não sei de mim"
- A bailarina e o astronauta

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Do pedido secreto que fiz à lua






Aquela noite no Arpoador


Andava pela areia mas olhava pro céu


Pedi a lua que fosse gentil comigo


Tropecei em algo que o mar expulsava de si


Tanta gente com todas as coordenadas e eu encontrei o tesouro assim


Despretensiosamente

I'll put a spell on you


Ela criava lagartas quando era pequena. Talvez por isso tenha achado que podia fazer o mesmo com pessoas.
Informou de que lhe daria sua poção e depois de ficar bem pequeno iria colocá-lo num pote de vidro.
-Mas por quê?
-Porque eu quero ver todos os seus movimentos, te ver sorrir e observar as pequenas covinhas do seu rosto miúdo aí dentro.
O que ela queria era deixar o pequeno homem cativo de seu afeto.
Suplicando e tentando convencê-la do contrário ele disse:
-Isso não faz sentido, me deixar preso! Só faz sentido se você ficar presa no pote também.
A idéia do oxigênio racionado a deixava tonta.
Era uma menina-uma menina com idéias estranhas sobre o mundo. Lhe deu a poção e com cuidado o escorregou pra dentro do pote.
Na estante, entre os livros de contos e bruxaria ele permanecia imóvel. Providenciada a mudança, foi para perto dos livros de aventura, ela achou que eram seus preferidos e entre índios americanos e guerreiros com brilhantes elmos ele finalmente sorriria (ela podia observar aquelas covinhas por horas...).
Entretanto, o homenzinho cativo de seu afeto ficava cada vez mais abatido. Não criou asas coloridas como as da lagarta.
Com o coração apertado ela o libertou, percebendo que gostava das pessoas assim, livres- para que voltassem...se quisessem.



Inspirado em: http://www.youtube.com/watch?v=YBoSShUFdHw

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Das utopias



Focos de resistência

Bandeiras e botinadas

Cavalos sambavam em bolas de gude furta cor

Molotovs, milhares de luzes e flashes

Os heróis da revolução, onde estão?

Direita, esquerda ou se perderam no caminho?

Algum palpite?

sábado, 22 de agosto de 2009

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A menina e o inseto viajante


Ela era verbo

Deitava e já queria levantar

Tudo formigava e ela tinha certeza: havia um bichinho morando lá dentro

Ele ia e vinha, com seis patinhas serelepes-da cabeça pro peito-ele refazia esse percurso incansável

E era ele que mantinha seu mundo em rotação

Ela tinha certeza


terça-feira, 18 de agosto de 2009

Do amor platônico

Saudade de um lugar onde sequer estive




O cinza da cidade
Partido verde ao meio
E os cheiros peculiares ao recheio
De um bolo de concreto
Repleto de chucrute e rock n'roll

domingo, 16 de agosto de 2009

E que a maratona comece!


Já sinto o sono das noites mal dormidas
A coluna fazendo o papel de porta voz do corpo cansado
Correria que me mantém viva

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Da clandestinidade

"Ei amiga, a gente é tão feliz que devia ser proibido"



Transgredindo o medo em meio ao caos

O medo não é meu e eu não me apego

Deixo passar com o vento frio que castiga minhas pernas nuas

Eu não me apego

Eu sei de mim

"Sou mais eu do que qualquer alguém seria, somarei as partes que contigo dividia"

Aquele ar de superioridade quase infantil, subindo a rua e num raciocínio rápido concluí

A felicidade clandestina da Clarice não cabia em mim

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Do erro


Ele era lindo,

triste e lindo.

Seus olhos transbordavam

Toda aquela felicidade,

sinteticamente forjada.









ps.: desculpa por te chamar de erro, mas você foi o melhor deles.

Eu não posso mais seguir com você

Talvez fique te observando de longe e torcendo

Torço para todos os meninos, aqueles que cresceram mas continuam com o menino em si.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Do nome

Vem da necessidade que o ser humano tem de dar nome as coisas-objetos, sentimentos, outros seres humanos. No primeiro instante precisamos identificar, classificar, saber do que se trata. Claro, depois surgem todos os conceitos e também nossos pré-conceitos, achamos que conhecemos algo profundamente só porque sabemos o significado do nome e aquilo faz sentido para nós. Na psicologia chamam de percepção e é através dos órgãos sensoriais que adquirimos e organizamos todas as informações que chegam. O que a percepção faz é interpretar todas as informações de acordo com experiências que já vivemos anteriormente.
E é assim que damos significado a tudo que nos rodeia.
Nós gostamos de saber o significado das coisas, é assim que nos apegamos.
Aquela história de não dar nome pro bichinho que você encontrou na rua quando era criança ou pro passarinho que caiu no seu quintal, porque depois ia ser difícil deixá-lo partir.
Depois de explicar sua importância vou contar o por que do "Vênus e a Poeira Cósmica". Vênus é a deusa da mitologia romana que representa o amor e a beleza, mas que você também pode interpretar como sendo um planeta do sistema solar (por isso a poeira cósmica, pedacinhos invisíveis ao olho nu que preenchem o espaço interestelar).
Eu ainda acredito na beleza e no amor, na sutileza dos detalhes e nas nuances que são quase invisíveis (assim como a poeira cósmica), a menos que você seja uma pessoa sensível o bastante para querer enxergá-las.