quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Ipê roxo


Passava a mão na chave, antes disso ela já tinha vestido as meias, ao mesmo tempo que via o jornal da tarde e prendia o cabelo num coque.
O dia era fracionado em trinta minutos. A cada meia hora ela realizava um pequeno fato insignificante. Atrasar-se na primeira meia hora significava um dia todo de atrasos.
Corria de um canto da cidade à outro, ainda assim tinha tempo de ver poesia em ruas feias do subúrbio.
Ela tinha um brilho diferente nos olhos e não era por causa dos óculos.
Talvez ela fosse essencial para ela, pros cachorros e pra mudinha de Ipê roxo.
A mudinha de Ipê certamente murcharia se ela fosse embora e não resistiria a uma viagem interestadual.
Decidiu ficar.


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